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quinta-feira, 2 de julho de 2020

CAPÍTULO 86: A AFLIÇÃO DE ISMÊNIA


Ismênia(Ἰσμήνη). Por Saimain. 

Antígona(Αντιγόνη) voltou para Tebas sozinha. O tecelão lamentou a morte de Édipos(Οἰδίπους) e, mais ainda, a partida de sua eficiente auxiliar. 

— Pobre criança — resmungou ele, vendo a moça desaparecer numa curva da estrada, levando somente uma sacola com mantimentos. —  Nunca me disse de onde veio, mas sinto que nasceu em berço de ouro. Terá outros parentes, além do pai que morreu? Que os deuses a protejam! — Suspirou e voltou para sua casa vazia.


Passou-se algum tempo e Antígona não via a hora de chegar em casa. Neste momento, a garota, que acabara de desviar o olhar, viu ao longe aproximar-se alguém.
— Oh, deuses! Não posso acreditar— exclamou a mesma...— Vejo aproximar-se uma garota que parece... não posso acreditar no que vejo! A luz do Sol atrapalha-me a visão, mas reconheço seu modo de andar... parece... Ismênia(Ισμήνη)! É Ismênia, sim, a minha irmã!
Ismênia recebeu a irmã entre risos e abraços nervosos. 
— Antígona! Finalmente a encontrei! Como veio parar aqui?!
— Foi muito difícil. O caminho foi longo, mas vim, logo que eu pude!
— Ismênia! Sangue do meu sangue, dê-me um abraço!
E Ismênia a abraçou, como há muito não se viam.
— Minha preocupação contigo me trouxe até aqui irmã, para trazer as notícias de nosso pai.
Quando ouviu o relato sobre a iluminação e morte de Édipos, o pranto sacudiu o corpo magro de Ismênia. Correu para o quarto e somente no dia seguinte conseguiu deixar o leito. Encontrou Antígona no jardim e só então percebeu a lividez do rosto da irmã. 
— Antígona, como você está pálida! Está doente, minha irmã? 
Antígona sorriu de leve e afagou as mãos de Ismênia. 
— Não, querida, estou bem. Apenas cansada da longa e solitária viagem.
Os olhos de Ismênia se encheram de lágrimas.
— Ele sofreu muito? - perguntou debilmente. 
— Não... Acho até que ele descobriu a felicidade, Ismênia. Era tão grande a paz que vi em seu rosto, que acredito que ele alcançou os deuses, de alguma maneira. 
— Os deuses... — fungou Ismênia — Às vezes nem acredito que existam, realmente. Quem sabe se tudo é apenas uma lenda?
— Eu acredito nos deuses, Ismênia. Naquele instante em que papai se levantou e caminhou firme, sem o bastão, senti uma coisa muito forte, uma espécie de presença que vibrava e modificava até o ar que eu respirava. E, quando ele disse "caminho ao encontro dos deuses", tenho a certeza de que via alguém, ou algum lugar. Ele viu, Ismênia! Papai viu os deuses! 
— Se assim foi, por que então os deuses não restituíram sua visão, em lugar de tirarem sua vida? Papai era um homem maravilhoso, não mereceu sofrer tanto!
— Minha irmã, não acredito que a recuperação da visão física seja um prêmio para aquele que abriu os olhos do espírito para um mundo que nem mesmo nossa imaginação pode conceber. Papai morreu feliz, mas não sei se viveria feliz, retornando à vida de antes e tendo que conviver com lembranças tão dolorosas. 
Ismênia ia dizer mais alguma coisa, mas a chegada de Creonte(Κρέων) desviou seus pensamentos. 
— Minha querida sobrinha, — disse ele, abraçando Antígona com carinho — espero que fique comigo. Tebas precisa que os filhos de Édipos e Jocasta permaneçam unidos. 
Antígona olhou o tio com surpresa. Voltara ao lar, aos irmãos, à família, mas ainda não havia se conscientizado de seu retorno a Tebas, ao reino que o rei abandonara para seguir sua própria dor. 
— Tio — balbuciou ela, assumindo aquela realidade — e Tebas? E a peste? E o trono? 
— Tebas está bem, recuperando-se da peste já quase toda debelada. Seu pai me confiou o trono, ao partir, mas achei que seus irmãos tinham mais direito a ele do que eu. Entreguei a coroa a Etéocles(Ετεοκλής), por ser o mais velho, mas impus a condição de que, de ano em ano, houvesse um revezamento entre ele a Polínices(Πολυνείκης). E ambos prometeram cumprir o trato. 
Antígona franziu o nariz. 
— Perdoe-me, tio, mas não acredito que isso vá dar certo. Conheço bem Etéocles e tenho a certeza que ele seria capaz de prometer qualquer coisa para ficar com o trono. Mas não sei se cumprirá a promessa... Acho que terá sérios problemas, meu tio...
As palavras de Antígona ribombaram na mente de Creonte no exato momento em que Etéocles se recusou a entregar o trono a Polínices, na época combinada. 
— Aquela menina nasceu com o dom da profecia — pensou ele. Quis intervir, mas o exército de Etéocles já havia banido Polínices da cidade. Preocupado, Creonte partiu pelas estradas, com alguns soldados, a procura do sobrinho expatriado, mas não o encontrou. Foi somente muito tempo depois que alguém lhe disse que encontrara Polínices a caminho da Argólida, decidido a pedir o auxílio do rei Adrastus(Ἄδραστος).




domingo, 28 de junho de 2020

CAPÍTULO 85: A MORTE DE ÉDIPOS

Édipos(Οἰδίπους) e Antígona(Αντιγόνη). Por Antoni Brodowski


Logo anoitecera, os soldados e anciãos que ali estavam recostaram-se para descansar um pouco. Aproveitando a oportunidade Édipos(Οἰδίπους) sussurrou para sua Antígona(Αντιγόνη).

— Minha filha, acho que toquei a mente dos deuses. Preciso adentrar ao santuário uma última vez.

Sem demora e aproveitando a oportunidade assim o fizeram… E logo relâmpagos cruzaram os céus...

— Oh, Zeus! O céu relampeja, troveja e a terra se agita. Que mensagem envia, deus do Olimpo?


quarta-feira, 24 de junho de 2020

CAPÍTULO 84: A RESILIÊNCIA DE ANTÍGONA


Antígona(Ἀντιγόνη). por Aladeusa.


Assim que Antígona(Αντιγόνη) e seu pai se esconderam atrás dos loureiros, chegaram os anciãos e começaram a falar:

— Procurem-no por todos os lugares do bosque. Ele ainda deve estar por aqui...

— Não há mais ninguém aqui. Ou talvez esteja escondido em algum lugar deste bosque.

— Deve ser algum velho vagabundo. Com certeza é estrangeiro, porque alguém daqui não ousaria pôr os pés no bosque das terríveis virgens, cujo próprio nome tememos pronunciar.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Capítulo 83: A PEREGRINAÇÃO DE ÉDIPOS E ANTÍGONA

Édipos(Οἰδίπους). Por ZachSmithson.

Muito tempo se passou depois que Édipos(Οἰδίπους) e Antígona(Αντιγόνη) deixaram Tebas às mãos de Etéocles(Ετεοκλής), que disputava o trono com seu irmão Polínices(Πολυνείκης). De cidade em cidade, como mendigos, procuravam um lugar para ficar e descansar, e algum alimento para saciar a fome. Buscavam o lugar ideal, que os recebesse com hospitalidade. Nenhuma cidade ou aldeia os recebeu devidamente. Às vezes, eram até rechaçados como ladrões ou animais sem dono.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Capítulo 82: RELAÇÃO INCESTUOSA, O TRÁGICO ENVOLVIMENTO DE ÉDIPOS E JOCASTA.

Édipos(Οἰδίπους) e Jocasta(Ἰοκάστη). Por anndr.

Édipos(Οἰδίπους) reinou em Tebas querido pelo povo e adorado por sua esposa, Jocasta(Ἰοκάστη). Os filhos chegaram, trazendo ainda mais alegria ao casal real. E nasceram Etéocles(Ετεοκλης), Polínice(Πολυνείκης), Antígona(Αντιγόνη) e Ismênia(Ισμήνη). Creonte(Κρέων), irmão de Jocasta,  se casou com Eurídice(Ευρυδίκη), uma tebana, e tiveram um filho, Hêmon(Αἵμων).

Tebas viveu anos de prosperidade até que um dia, sem que ninguém soubesse como nem por que, uma peste se abateu sobre a cidade. O solo se tornou árido, os animais morriam aos montes, o povo foi dizimado.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Capítulo 81: O ENIGMA DA ESFINGE, CUMPRE-SE A MALDIÇÃO DOS LABDÁCIDAS.

 Esfinge(Σφίγξ). Por Genzoman.

Ainda assombrado pela predileção do oráculo, Édipos(Οἰδίπους) prosseguiu em sua viagem e seu destino fez com que procurasse o caminho de Tebas. Já estava próximo à entrada da cidade, quando encontrou um velho e duas cabras. Parou e perguntou:

— Que cidade é aquela, que vejo ao longe?

— É Tebas, senhor. — Respondeu o velho — pretende chegar lá?

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Capítulo 80: PROFECIA MORTAL: LAIOS MORRE PELAS MÃOS DE SEU PRÓPRIO FILHO ÉDIPOS

Édipos(Οἰδίπους). Por anndr.
Com a morte de Anfion(Ἀμφίων) e Zetos(Ζῆθος), Tebas, agora rodeada por muralhas, ficara sem rei, e o povo decidiu procurar Laios(Λάιος) para suceder os reis gêmeos. Ainda incomodado pela morte de Crísipos(Χρύσιππος) o agora imperador de Tebas esquecera-se completamente que Pélops(Πέλοψ), lançava-lhe terríveis maldições, e que a Laios trariam terríveis conseqüências. Hera(Ἥρα),  ainda ressentida pela afronta de Laios, determinou que Tebas estava destinada a ser importunada por um espectro maligno vindo dos confins da Etiópia: a Esfinge, com seu enigma das três gerações e seu poder devastador, para punir Laios por seu envolvimento.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Capítulo 79: A PROLE NUMEROSA DE NÍOBE E A VINGANÇA DE LETO!



Níobe(Νιόβη). Por AireensColor.

Níobe(Νιόβη) era filha de Tântalos(Τάνταλος), o rei da Meônia (futura Lídia), e viera para a Hélade em companhia de seu irmão, Pélops(Πέλοψ). Depois de andarem de um lado para outro, buscando asilo, enquanto Pélops permanecia e reinava na Hélade, Níobe casou com Anfion(Ἀμφίων), o tocador de lira, que, com seu irmão Zetos(Ζῆθος), havia destronado Licos(Λύκος) e se apoderado de Tebas. 

De natureza fecunda, foi mãe de sete filhos e sete filhas, uma prole numerosa que lhe transmitia dignidade e respeito, chegando a se vangloriar. Seus filhos eram: Damasícton(Δαμασιχθων), Alfenor(αλφενωρ)(também chamado de Eupínitos), Ilioneus(Ιλιονευς), Fédimos(Φαίδιμος), Ismênio(Ισμηνός), Sípilos(Σίπυλος) e Tântalos. E as filhas chamavam-se: Ftia(Φθία), Astíoque(Αστυόχη), Neera(Νέαιρα), Cleódoxa, Téra(Θήρας), Ogígia(Ὠγυγίη) e Pelópia(Πελοπεια), também conhecida como Melibéia.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Capítulo 78: A DECEPÇÃO DE PÉLOPS, O AMOR PROIBIDO DE CRÍSIPOS E A MALDIÇÃO DE LAIOS

Mírtilos(Μυρτίλος) e Pélops(Πέλοψ). Por anndr.

Pélops(Πέλοψ) ignorava o seu destino e, encolhendo os ombros, tornou à biga e, calmamente, dirigiu-se para Pisa, onde foi recebido pela esposa Hipodâmia(Ιπποδάμεια).

— Saíste cedo com Mírtilos(Μυρτίλος)... mas voltaste só. Onde está ele, meu esposo?

sábado, 7 de dezembro de 2013

Capítulo 77: PÉLOPS CORTEJA HIPODAMIA. A CORRIDA MORTAL

Pélops(Πέλοψ). POR  danielwarrenart.

Pélops(Πέλοψ), depois que os deuses o reconstituíram, foi levado por Poseidon(Ποσειδῶν) ao Olimpo. E o menino, refeito, na companhia dos Imortais, agradeceu a Zeus(Ζεύς) e pediu-lhe que não castigasse o seu pai, que quis agradar os deuses, mesmo que de maneira errada.

Zeus que a essa altura já havia lançado Tântalos(Τάνταλος) as profundezas do tártaro, nada fez. O mesmo ordenou que Poseidon o leva-se de volta a companhia de sua irmã Niobe, que a esta altura ja sentia saudades do seu irmão.